[Leitura da Semana - Parte II] O Livro da Morte - P.J. Pereira

04:11

E chegamos ao fim de uma trilogia MAAAAAAAARAAAAAVILHOSA!! (E o melhor? Brasileiríssima!) - Deuses de Dois Mundos.



Orgulho imenso do autor, P.J. Pereira,  por ter transformado seu preconceito pessoal em relação às religiões e mitologia Afro em pesquisa e em três livros muito muito muuuuito bons!!

No terceiro volume da saga, O Livro da Morte, você precisa deixar de lado a forma clássica de leitura, aquela com início, meio e fim.

Também pooode esquecer aqueles maneirismos literários de inversão: em que o desfecho da trama vem logo nas primeiras páginas, mas é perfeitamente compreensível o retorno ao passado que justifique o final já lido.

Parte da história - especificamente a parte do jornalista New - é apresentada do fim para o começo. Os demais acontecimentos - relativos aos Orixás - são descritos em ordem contínua.

Ou seja... se você não tiver uma cabeça boa, vai ficar bem confuso hahahaha

P.J aqui desafia os limites de uma aparente divisão entre dois mundos, sejam eles o do Aiê (terra) e do Orum (céu), ou do conhecido e do desconhecido.



Se, nos dois primeiros títulos da saga, 'O Livro do Silêncio' e 'O Livro da Traição', o autor mostra as potências do masculino, no presente volume as forças das Mães Ancestrais rebelam-se contra as formas opressoras do masculino num mundo sagrado, tal como no mundo dos mortais, regido por leis que desrespeitam o verdadeiro significado da tradição. Uma vez que cabe aos orixás masculinos, e não aos femininos, a condução dos destinos dos homens, arma-se a guerra entre as deusas contra os deuses, pois algo, na origem, perdeu seu curso 'natural'. Assim, 'O Livro da Morte' também é, no mínimo e neste sentido, um instigante convite a questionar o desequilíbrio entre as potências do feminino e do masculino.

Aqui vemos a eterna guerra entre Nanã e Oxalá, que envolve todos os demais Orixás e afeta - direta e indiretamente -  os encarnados de todos os tempos.

Sinceramente, de todos os três livros, o meu favorito ainda é o 'Livro da Traíção', por conter mais da cultura Iorubá. Mas a discussão entre a disputa Feminino X Masculino desse final é interessantíssima e faz a gente refletir bastante sobre nossas condições. É um tema muitíssimo atual!

Não posso falar muito além do que já foi dito, porque a chance de dar spoiler é ALTA! hahaha

Só posso indicar a leitura!

Axé!

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